
a cidade era uma laranja cinzenta, seca, sem sumo e extenuada dos anos as cores agarraram o dia, cheio de imperfeições. não havia caminhos traçados, nem trilhos calcados. era o vazio que habitava o dia da laranja com cores .
os silêncios escutavam-se nas esquinas das casas desbragadas e preciosamente dormiam na poeira dos talentos
na rua já não brincavam as meninas,
o tempo passou por uma, mas ela não soube passar o tempo.
vivia na teimosia de uma vaidade sem prazos.
foi um outono de hábitos despida e um inverno de alma gelada.
entrou ao lado da primavera mas nem as flores brilharam,.
a menina da cidade de laranja quis ser verão com sabor a mar, mas nem o verão, nem o mar quiseram a menina das manias tresloucadas.
a outra menina partiu, foi viver a doçura da vida, na cidade sumarenta de sensações.
na cidade sem sumo o ar falava numa página de amor, o único esforço de vida de um tempo..
flutuavam gritos a ciprestais num remexer estonteado de olhares de seres vegetativos
as palavras que ainda tinham vida, recordavam genuínos sentires de figuras prestigiosas, eram os amores das páginas colocadas no ser
secretos continuavam os olhares, queimavam e rescindiam o poder das cores agarradas à cidade seca.
a morte espreitava, andava à solta. queria a amiga da menina tresloucada
uniram-se as palavras, transfiguraram as alucinações em energia. os olhares conceberam corpo. luziram as cores. as mãos moldaram o esforço dos espaços diurnos e as pedras formaram o friso no princípio da razão
a menina da cidade sumarenta cresceu, é mulher perfeita em sensibilidades, da sua janela fértil nascem palavras que fazem sorver amor
a cidade agora vive, fora da outra vida, inunde nomes rasgados de um ventre ligados à lua e ao sol
l.maltez